Associação sublinha que jornalistas não são agentes de propaganda política

FOTOGRAFIA: GONÇALO LOBO PINHEIRO

A Associação de Jornalistas de Macau sublinhou que os repórteres não são instrumentos de propaganda, após a rádio e televisão pública ter exigido aos jornalistas de língua portuguesa e inglesa que seguissem uma política editorial patriótica. 

A associação que representa repórteres dos ‘media’ de língua chinesa apelou ainda na terça-feira à noite ao Governo para que proteja a liberdade de imprensa, consagrada na  Lei Básica. A associação reiterou “que a liberdade de imprensa e de expressão de Macau não deve ser restringida” e que “os jornalistas não são meros instrumentos de propaganda de meios políticos”. “O Governo da RAEM deve reconhecer a sua contribuição, e comprometer-se a proteger a liberdade de imprensa como ordenada na Lei Básica”, pode ler-se.

Há uma semana, a direcção da Teledifusão de Macau (TDM) transmitiu aos repórteres que estavam proibidos de divulgar informação e opiniões contrárias às políticas da China e do Governo de Macau, o que levou à tomada de posição crítica da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), do Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal e da Associação de Jornalistas de Hong Kong. Agora, a Associação de Jornalistas de Macau defendeu que os “executivos da TDM deveriam adoptar uma posição mais concreta na defesa da independência para a divulgação de notícias, e na reconstrução da confiança do seu pessoal repórter”. “Quanto ao período de nomeação dos dois diretores para o departamento noticioso português ter sido subitamente encurtado para meio ano, até setembro deste ano, a TDM tem a responsabilidade de explicar melhor a fundamentação dessa acção, a fim de esclarecer as dúvidas do público”, assinalou a associação.

A associação aproveitou para sublinhar que “só através do reflexo das vozes pluralistas na (…) sociedade é que o Governo pode efetivamente compreender os acontecimentos da sociedade, e melhorar ainda mais as suas políticas”. E concluiu: “Para que o mundo compreenda a implementação bem-sucedida de ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau, devem ser ouvidas vozes credíveis proferidas pelos profissionais dos meios de comunicação locais”.

Numa declaração divulgada no site da TDM, depois de uma reunião com “jornalistas da Direção de Informação e Programas Portugueses”, a Comissão Executiva “reiterou que a política editorial actual não foi alterada, e ambas as partes concordaram quanto ao cumprimento dos valores fundamentais do Manual Editorial da TDM: precisão, integridade, objectividade, justiça, imparcialidade, neutralidade e interesse público”. Ao mesmo tempo, a administração “manifestou o interesse para que todos os jornalistas continuem a trabalhar juntos, adiram ao princípio do patriotismo e de amor à RAEM e cumpram as responsabilidades inerentes a um órgão de comunicação social de serviço público”.

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